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Ferramenta de comunicação para socialização de experiências exitosas no programa GESTAR II. Onde professores formadores, cursistas e alunos poderão interagir. Compartilhando seus avanços e suas dificuldades no transcorrer do curso.
Gestar é um programa de formação continuada em serviço para professores de Português e Matemática que lecionam do 6º ao 9º ano do ensino fundamental.

domingo, 29 de novembro de 2009

LER É MELHOR QUE ESTUDAR?

LER É MELHOR QUE ESTUDAR?



Simplesmente ler
Ler sempre.
Ler muito.
Ler “quase” tudo
Ler com os olhos, os ouvidos, com o tato, pelos poros e demais sentidos.
Ler com razão e sensibilidade.
Ler desejos, o tempo, o som do silêncio e do vento.
Ler imagens, paisagens, viagens.
Ler verdades e mentiras.
Ler para obter informações, inquietações, dor e prazer.
Ler o fracasso, o sucesso, o ilegível, o impensável, as entrelinhas.
Ler na escola, em casa, no campo, na estrada, em qualquer lugar.
Ler a vida e a morte.
Saber ser leitor tendo o direito de saber ler.
Ler simplesmente ler.
Edith Chacon Theodoro



Ler e estudar podem ser parceiros, cúmplices, aliados. Só depende de quem, como, quando e onde.
O povo brasileiro lê pouco, quase nada e muito mal. Uma pesquisa recente ( PISA) mostrou que o Brasil foi um dos últimos classificados no quesito capacidade de leitura. O que prova o quanto se precisa investir na educação.
Ler e estudar deveriam ser entendidos como um grande investimento, cujo lucro seria o grande crescimento do país com cidadãos mais letrados, portanto, mais conscientes, mais pensantes e críticos.
Ler e estudar na escola deveria ser um direito extremamente garantido a todos.
Saber ler e estudar na escola deve ser um direito garantido pelo educador que tem a responsabilidade de ensinar, mediar, levar o aluno a aprender a aprender. Esse educador precisa ter um olho novo para ver coisas velhas de maneiras diferentes. Esse educador precisa ser protagonista do conhecimento, ser um eterno aprendiz, curioso e despertar isso no aluno. Esse educador deve ser um provocador e não deve ter receio de ser provocado. Ele deve ser inquieto, um “aguçador de nossa sensibilidade, um sujeito que amplia e torna mais complexa a nossa visão de mundo”.
O professor protagonista orienta, conduz, mas também sabe se colocar no lugar do coadjuvante permitindo que seus alunos sejam protagonistas (construtores) de seus processos educativos enquanto seres íntegros ( seres pensantes, sensíveis, sociais). Esse educador oferece instrumentos para que o aluno caminhe com autonomia. Ele pontua, interfere, ajuda a ver o que não se via antes. Ele observa, fala, ouve e aprende com o aluno.
Esse educador precisa ser um leitor de si, do outro, do mundo. Precisa aprender a ler. Precisa saber ler e conduzir os passos para uma leitura mais ampla. Precisa ser um pesquisador. Precisa ensinar a ler e a estudar.
Ler é melhor que estudar? Depende.
Para estudar é preciso saber “ler” diferentes tipos de textos e gêneros, ler nas entrelinhas, ler o contexto, interagir com o outro. Não se lê ou se estuda só na escola. (Será que isso importa?) O que importa mesmo é atribuir um sentido à leitura e ao estudo ( e à vida). Como já dizia Paulo Freire “ Um texto para ser lido é um texto para ser estudado. Um texto para ser estudado é um texto para ser interpretado. [...] O que caracteriza o ato de estudar é a atitude séria e curiosa na procura de compreender as coisas e os fatos que observamos”
Por isso, o papel do educador é fundamental! Como gerar leitores e produtores autônomos, se isto não for ensinado? Como formar leitores instigantes, que possam dialogar com o texto, interagir, desenvolver a percepção dos sentidos, questionar, criticar, saborear, se rebelar?
É preciso aparelhar os alunos para que eles tenham contacto com uma diversidade textual. “Para isso se faz necessário explicitar as diferentes estratégias de composição textual, que resultam em diferentes tipos de textos: informativos, opinativos, literários, entre outros. Mais que discutir a validade de tais classificações, importa analisar textos em sua composição, observando o contexto de sua produção, circulação e consumo. Não se pode ler um poema como se lê uma crônica ou uma notícia de jornal, embora esses textos possam estar em constante interação.”
É possível ler na escola?
É , desde que a instituição, o professor e o aluno se envolvam em projetos de leitura e escrita que façam sentido, que tenham qualidade, que sintam desejo de aprender, de buscar, de compartilhar, de dialogar, de interagir e, por que não, de sonhar.
É possível ler na escola?
Esta é uma de suas grandes e desafiantes funções.
Aprender a ler (e a escrever) é complexo e “demanda um conjunto de procedimentos de análise, reflexão”, estratégias, objetivos, estudo, tempo, propósitos,... Segundo Lúcia P. Góes, “O ato de ler é revolucionário, pois transforma o leitor passivo em leitor ativo, um co-autor, doador de sentidos”.
É possível ler na escola. É possível ler fora dela.
É preciso ler na escola e é preciso saber ler fora dela.
Saber ler o simples e o complexo.
Ler simplesmente “ler para viver”.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DIÁLOGO

“Lemos para fazer perguntas”
Franz Kafka

”Mas quem deverá ser o mestre? O escritor ou o leitor?”
Denis Diderot

1. Somos leitores porque a escola assim nos formou, ou nos tornamos leitores à revelia da escola?
2. Diversidade de textos, de estratégias, objetivos de leitura e até “didatismo” são necessários para a formação do leitor. Como conciliar tudo isso ao prazer, `a liberdade do indivíduo fazer suas escolhas de leitura?
3. Ana Maria Machado diz que “Ninguém tem que ser obrigado a ler nada. Ler é um direito de cada cidadão, não é um dever. É um alimento do espírito. Igualzinho á comida. Todo mundo precisa, todo mundo deve ter a sua disposição – de boa qualidade, variada, em quantidades que saciem a fome. Mas é um absurdo impingir um prato cheio pela goela abaixo de qualquer pessoa. Mesmo que se ache que o que enche prato é iguaria mais deliciosa do mundo.”
Monteiro Lobato dizia que obrigar alguém a ler um livro, mesmo que seja pelas melhores razões do mundo, só serve para vacinar o sujeito para sempre contra a leitura. Será? Muitos livros de literatura se não forem vistos na escola, pode ser que no decorrer da vida não os sejam mas lidos. Muitos deles requerem uma leitura compartilhada ( mais dirigida) ou por serem mais densos, ou mais complexos, enfim, associar a literatura sempre ao prazer como muitos assim o desejam nem sempre é possível. Ou será?
4. Cabe à escola trabalhar a leitura em todos os sentidos, mas cabe também às famílias dar início a esse processo. Será que escola também precisará incentivar e orientar esses pais sobre a necessidade da leitura desde bem cedo?
5. Somos todos leitores? Que livros cada um de nós está lendo no momento? Se queremos formar, precisamos gostar de ler, precisamos ler e muito...

MAIS INDAGAÇÕES...

“Pegar um livro e abri-lo guarda a possibilidade do fato estético. O que são as palavras dormindo num livro? O que são esses símbolos mortos? Nada, absolutamente. O que é livro se não o abrimos? Simplesmente um cubo de papel e couro, com folhas; mas se o lemos acontece algo especial, creio que muda a cada vez ”.
Jorge Luís Borges

Por que a leitura de livros na escola?
Quais livros?
Quem forma o leitor na escola?
Como incentivar o aluno a ler por prazer?
Como despertar e garantir o interesse pela leitura?
A leitura literária deverá sempre ser prazerosa?
A leitura literária deve ser livre ou imposta?
Como garantir a leitura sem que se imponha, sem que haja cobranças?
Será que as atividades de leitura são suficientes para garantir o interesse e o prazer?
Freqüentar a biblioteca da escola, criar uma biblioteca de classe, facilitar o acesso aos livros, pensar em atividades que possam fisgar o leitor, entre outras propostas, levará nosso aluno a ser um leitor mais autônomo e crítico?
Será que nosso aluno sabe o que é ler, por que ler, para que ler, quando ler, como ler em cada uma das disciplinas?
Nosso aluno lê um livro literário para uma outra disciplina que não seja Português?

Há muitas outras indagações que gostaria de refletir, discutir e traçar caminhos com você, caro leitor. Já nos ensinava Franz Kafka “Lemos para fazer perguntas”, mas para que isso aconteça é preciso ler, ler, ler; refletir, discutir, formular hipóteses, percebendo que em cada texto há uma visão do mundo de seu autor, em cada leitura carregamos nossas experiências e vivências, tentando formar nossa própria visão de mundo. Enfim, quero dar continuidade a estas e outras indagações sobre a importância da leitura na escola, e em particular - a leitura literária.



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